RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO

Uma das incapacidades da população desinformada e inculta é a impossibilidade que tem de entender as relações de causa e efeito das medidas que são tomadas pelos governantes.
Um aumento de gastos públicos só é visto pelos seus benefícios de pagar mais aos funcionários, sem entender que isto exige um aumento de impostos, que dificulta o progresso e o crescimento econômico. A maioria da população nem sabe que paga impostos: pensa que só os ricos pagam. Os gastos são imediatos, o aumento dos impostos vem a seguir.

Nem sempre é fácil perceber essa relação. Por exemplo: imaginemos que um porto seja privatizado. Com a administração empresarial, os empregados em excesso são dispensados, os investimentos aumentam, o porto passa a ter mais eficiência e produtividade. Os preços caem, o tempo de espera no cais diminui, aos poucos isto viabiliza uma série de negócios de exportação e importação que eram inviáveis com a administração pública ou que passam a ter mais lucros e, em conseqüência, a investir mais. Esses negócios contratam funcionários para suas atividades e, no conjunto, o emprego aumenta, a riqueza aumenta e o bem-estar da população cresce. A população não percebe que isto tudo aconteceu por causa da privatização ocorrida alguns anos antes. Só percebe que a privatização “alienou um patrimônio” e dispensou empregados.
Outro exemplo é a privatização das telefônicas. Existem hoje 106 milhões de celulares. Eram dois milhões na época da estatal. Quase 75% das residências hoje têm telefones, eram 19% antes da privatização. Sem a privatização o avanço nas comunicações teria sido mínimo, porque o governo está superendividado e não tem condições de investir. Este avanço gerou enorme aumento da produtividade e, em conseqüência, da renda. No entanto, o povo não percebe a relação de causa e efeito entre a privatização e o aumento da sua renda, viabilizado, em grande parte, pelas facilidades de comunicação. Ironicamente, o governo Lula se vangloria do aumento da renda, beneficiando-se, entre outras coisas, de uma medida que ele sempre combateu, até mesmo na campanha para o segundo mandato.
Uma reforma na legislação trabalhista que desonere os custos empresariais irá, no médio prazo, estimular novos investimentos, criar novos empregos e gerar mais renda para a população. O povo só percebe a diminuição de “direitos” dos empregados que se dá no curto prazo.
Em economia, planta-se hoje para colher depois de alguns anos ou mesmo, em alguns casos, de algumas décadas. As relações de causa e efeito entre o que se planta e o que se colhe não são percebidas pela maior parte da população. Por isso, os governantes tomam decisões populares no curto prazo, mesmo sabendo dos malefícios que elas acarretam no longo prazo.
Os governantes têm todo interesse em perpetuar essa falta de entendimento mantendo a população ignorante.

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