A INEFICIÊNCIA DO SETOR PÚBLICO – 8

REDUZIR DRASTICAMENTE A BUROCRACIA

Nossa terrível burocracia é, em grande parte, conseqüência da nossa herança ibérica, mas não é só isso. Ela é ampliada pelos próprios funcionários públicos, que criam atividades inúteis para aumentar o seu poder e justificar seus empregos. À burocracia exógena, imposta pelas leis, soma-se a gerada no interior da administração pública, que se desenvolve pela ausência de questionamento de hábitos, tradições e valores tidos como certos e imutáveis. Há também o velho problema de criar dificuldades para “vender” facilidades. Segundo Eliezer Batista da Silva, “burocrata é aquele que depois de muito esforço e empenho, consegue transformar uma solução em cinco problemas.”

Já tivemos experiência de programas de desburocratização, alguns dos quais bem-sucedidos, mas já distorcidos pelas administrações que se sucederam. O problema maior não é a simplificação dos processos, mas a implantação de nova mentalidade. A burocracia pública asfixia as atividades empresariais, tirando-lhe a produtividade necessária para competir no mercado global. Um dos componentes importantes do custo Brasil é a burocracia.
O lado mais visível da burocracia para o cidadão comum é seu contato com órgãos públicos, quando se vê obrigado a enfrentar filas, balcões, guichês, papelório, protocolos, exigências e o terrível: “volte amanhã!”
A administração pública precisa passar por um forte enxugamento, que pode ser obtido por meio de uma reengenharia.
A burocracia de Weber procura ser uma meritocracia: a promoção deve ser feita com base no mérito. No Brasil, porém, a meritocracia foi abolida prejudicando a eficiência do setor público e reduzindo a renda e o bem-estar do povo.
Os sintomas mais visíveis da patologia burocrática são:

1. Grande centralização de autoridade na direção superior;
2. Existência de controles excessivos, cujo custo é superior ao risco envolvido;
3. Valorização excessiva dos controles prévios, em vez dos executados “a posteriori”;
4. Dificuldades de relacionamento da organização com seu público externo (usuários, clientes, consumidores, fornecedores, etc.), que é tratado sem a prioridade e a importância devidas;
5. O culto do processo, pelo qual a forma se torna mais importante do que os resultados.
Quando ocorre a burocratização, a organização perde eficiência e eficácia, os resultados tornam-se medíocres ou negativos. A burocracia, além disso, é contagiosa. Quem está num grupo burocrático, que valoriza as regras, os rituais e os horários acaba se tornando mais burocrático.
Para combater as patologias burocráticas, uma terapêutica ampla e rigorosa terá que ser desenvolvida: a DESBUROCRATIZAÇÃO e a REENGENHARIA.
Desburocratização significa:

1. Reduzir custos com procedimentos, papéis e atividades inúteis;
2. Reduzir controles cujo custo seja superior ao custo do que é controlado;
3. Melhorar o atendimento aos usuários ou consumidores;
4. Proporcionar aos funcionários a oportunidade de desenvolverem sua iniciativa e criatividade;
5. Agilizar o processo administrativo, através da descentralização de autoridade.

Em suma: desburocratizar é administrar de forma mais humana e eficaz, confiando mais e punindo os que não correspondem à confiança, dando mais valor às palavras e aos fatos do que aos documentos.
A desburocratização reduziria o custo Brasil e aumentaria a competitividade das nossas empresas no mercado global.

Um comentário:

Anônimo disse...

Boa tarde. Adorei o seu post. Desejo fazer um artigo sobre a Desburocratização, o senhor poderia indicar alguns livros? Obrigado.