A INEFICIÊNCIA DO SETOR PÚBLICO – 1

INTRODUÇÃO

O setor público sempre será menos eficiente do que o setor privado. Existem muitas razões que levam a isto: a necessidade de acomodar as opiniões e o apoio de várias camadas representativas da população, a falta de continuidade administrativa, o tamanho da estrutura da administração e a forma como ela está organizada, o risco menor dos administradores, a inexistência de relação entre os resultados alcançados e a receita obtida e muitas outras. 
Essas razões estão intimamente interligadas, mas podemos analisar cada uma separadamente e vamos começar pela forma de organização da estrutura administrativa.

A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
Existem três formas de organizar uma estrutura administrativa: a organização funcional, a divisional e a matricial. A matricial praticamente não é usada na administração pública direta na esfera federal, vamos analisar, portanto, as outras duas formas e analisaremos a matricial nas sugestões para solução.
É fato bastante conhecido que as pequenas empresas, com atividades pouco diversificadas, estruturam-se segundo o critério funcional. Os principais executivos de cada área, que se reportam ao principal executivo da empresa, têm o comando direto, em linha, de todas as atividades da função. Nas empresas, as áreas funcionais mais comuns são a de produção, a comercial, a administrativa e a financeira. Esta estrutura tende a tirar o máximo de proveito da competência dos principais executivos de cada área e a reduzir custos nas organizações simples e pequenas. As suas principais desvantagens são as dificuldades de coordenação no topo e de avaliação dos resultados de cada unidade, bem como a eventual tendência de estanqueidade entre as áreas. É fato conhecido que este tipo de estrutura tende a forçar a centralização do processo decisório pela interdependência dos objetivos de cada unidade.
À medida que a empresa cresce e se diversifica, a organização funcional torna-se cada vez mais inadequada, pois as dificuldades de coordenação e de controle crescem consideravelmente. A empresa forma, então, centros de resultado, denominados divisões, responsáveis pelas suas receitas e despesas, os quais operam com relativa autonomia. A coordenação geral é feita no nível corporativo ou administração central, que continua organizada pelo critério funcional.
Pode-se comparar esta organização ao modelo federativo, em que os estados e municípios seriam os centros de resultado. Há, porém, uma gritante diferença entre o modelo empresarial e o da administração pública: nas empresas, o nível corporativo não opera, a não ser em poucos casos excepcionais em que a sinergia recomenda a centralização: efetua apenas o planejamento geral e o controle das divisões. Na república federativa, o poder central opera em grande escala, executa uma infinidade de atividades, mas continua organizado segundo o modelo recomendado para as pequenas empresas.
Além disso, existe, ainda, a amplitude de supervisão, isto é, o número de subordinados diretos que um chefe pode ter mantendo a eficiência de gestão. Esse número varia consideravelmente conforme a facilidade de comunicação, as delegações estabelecidas, a competência dos subordinados e a variedade das suas atividades. No caso do poder central na república federativa, a variedade é enorme, diminuindo a amplitude de supervisão. Como poderia um coordenador geral supervisionar e coordenar eficientemente quase quarenta subordinados diretos em linha, fora os de assessoria? Não há a menor possibilidade de dar certo. O número de subordinados diretos nos níveis mais elevados das grandes empresas varia de cinco a nove.
Há ainda as atividades de representação e de manutenção da imagem: discursos, visitas, compromissos sociais etc. Um levantamento efetuado nos Estados Unidos verificou que os principais executivos das grandes empresas dedicavam 30% do seu tempo a essas atividades e 10% às viagens de ida e volta para o desempenho dessas ocupações, restando apenas 60% para as atividades de gestão da empresa. Na república federativa, a proporção reservada à gestão é certamente menor, pois as atividades de representação e manutenção da imagem são mais absorventes. Isto torna a amplitude de supervisão ainda menor.
Não devemos nos surpreender, portanto, quando se diz que o Brasil precisa de um choque de gestão.
Continuaremos a análise em outras postagens.

Um comentário:

Claudio Janowitzer disse...

Caro Francisco,
Parabéns pela inciativa do blog.
Já coloquei na minha lista de favoritos.
Abraços
Claudio Janowitzer