PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA (2ª Parte)

O agronegócio busca terras, em média, baratas para, com tecnologia avançada, produzir muito e obter o retorno sobre o capital. A agricultura familiar está, na maioria das vezes, em terras mais caras, pois precisa estar mais próxima dos centros urbanos, e precisa produzir alimentos mais caros para obter o retorno desejado sobre o capital. Entre o pequeno produtor de alho, cebola e alimentos orgânicos e o grande produtor de soja, temos milhares de modelos de negócio diferentes em fazendas privadas, em pequenas, médias e grandes empresas e em cooperativas, quase sempre com bastante tecnologia e variados graus de beneficiamento. Todos buscam a remuneração da mão-de-obra e o retorno sobre o capital empregado. Nesse jogo, a commodity tem um preço baixo e precisa buscar um modelo de alta produtividade por hectare em terras mais baratas.
Os produtores de café conseguiram sair em parte desse círculo, transformando o café em um produto sofisticado, assim temos o café commodity e o café especial, produzido em propriedades menores com técnicas mais artesanais e preço final maior.
Em vez de desapropriar, o governo deveria destinar esses recursos para ampliar o crédito para a atividade agrícola para a aquisição de pequenas propriedades, dos bens de capital e dos insumos necessários ao pequeno produtor. Aliado a programas de treinamento e transferência de tecnologia da Embrapa, seria possível obter alta produtividade da mão-de-obra empregada no campo em todos os tipos de negócio. A Internet é fundamental na área rural para que o pequeno produtor saiba o que e como plantar. É impossível obter isto sem uma educação adequada e focada na tecnologia a ser usada. Boa parte dos pequenos proprietários agrícolas tem acesso à Internet. Eles consideram o uso da Internet como importante instrumento de trabalho para trocar experiências, informações técnicas, consulta aos preços de mercados em todo o mundo e a previsão do tempo. O importante é que esse modelo deve estar baseado na liberdade dos produtores e na economia de mercado e jamais na economia de subsistência. Com o crescimento da classe C, o próprio mercado vai demandar os produtos desses produtores.
De qualquer forma, agricultura não é mais uma atividade intensiva de mão-de-obra e já é há muito tempo uma atividade que exige muito investimento, conhecimento e alta tecnologia, bem como capital de giro para financiar o ciclo produtivo. Portanto, não dá para pensar em agricultura sem investir nesses três pilares, educação, tecnologia e crédito. É necessário muito investimento em adubagem e correção de acidez do solo para poder explorar adequadamente mais de 90% do território brasileiro (esse investimento pode até ser maior que o custo de aquisição). Isso sem falar de investimentos em irrigação (para regiões de seca) ou contra a erosão (regiões montanhosas e/ou chuvosas). Os assentados jamais investirão na terra, porque o INCRA não lhes dá a propriedade, mas apenas o direito ao uso. Quem vai investir em uma terra que não lhe pertence? Por que não lhes é dada a propriedade plena? Porque se fosse quase todos a venderiam e iriam para as cidades! Na realidade, muitos já o estão fazendo, embora a venda seja ilegal, porque este é o caminho natural, mas, se o número de vendas aumentasse ainda mais, os burocratas do INCRA seriam obrigados a reconhecer a falência do modelo. O modelo da propriedade plena daria mais certo que o atual, mesmo com muitas vendas, pois os compradores cuidariam bem do que é deles, investiriam na sua terra e produziriam mais. Os que migrariam para as cidades trabalhariam em serviços com produtividade e remuneração mais altas do que as que conseguem no campo. Não foram os sem terra e sim os burocratas do INCRA os beneficiários das desapropriações.
O problema não é ter mais agricultores. É fazer com que os atuais agricultores tenham ganhos de produtividade e remuneração maior. Estudando as próprias estatísticas do IBGE, constata-se que, na média, os agricultores têm renda 70% (setenta por cento) inferior à renda média dos trabalhadores urbanos, isto é, sua renda é menos de um terço da renda média dos urbanos. Isto explica o êxodo rural e também porque mais de metade dos assentados vende os seus lotes o mais rapidamente possível e vão ou retornam para as cidades. Os empregos urbanos são muito melhor remunerados.
A pergunta que não se cala: será que os burocratas do INCRA querem aumentar a produtividade agrícola ou preferem escamotear a realidade para manter seus empregos?
Agradeço as colaborações de Georges Lacombe e Cândido Mendes Prunes, mas sou o único responsável pelas declarações acima.

Um comentário:

Marlus Moraes disse...

Boa noite professor, desculpe utilizar deste meio para perguntar algo que não está relacionado a sua postagem.
Me chamo Marlus e sou academico do curso de administração na FURB em Blumenau SC, e estou realizando um trabalho sobre motivação onde fui instruido a pesquisar o conceito de alguns autores renomados da atualidade, como o senhor. Estou achando bem difícil enontrar conceito de motivação bem nitido, até agora só encontrei mais é as teorias como a de Maslow, Herzberg e Vroom.
Ficaria muito agradeçido se o senhor podesse me conceituar motivação para ser utilizado no meu trabalho.
Certo de sua costumeira atenção, obrigado.